O deputado estadual Dr. Yglésio (PDT) prepara uma
PEC para acabar com o foro privilegiado de delegados de polícia, defensores
públicos, procuradores do Estado e da Assembleia Legislativa do Maranhão.
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu anular o trecho da constituição do Maranhão que concedeu foro
privilegiado a destas categorias. Com isso, os casos envolvendo os cargos
deverão ser julgados pela primeira instância e não pelo Tribunal de Justiça do
Maranhão.
A PEC vai fazer a substituição do inciso 4, do
artigo 81 da Constituição Estadual que previa o foro privilegiado para os
delegados de polícia, procuradores do Estado e da Assembleia Legislativa e
defensores públicos.
“Demos um passo importante para restringir cada vez
mais o foro privilegiado ao ponto que ele se limite, principalmente, às
autoridades que estão como representantes dos três poderes da República, que é
o entendimento majoritário da corte do Supremo Tribunal Federal.”
Perguntado sobre apoio na PEC dos demais
parlamentares, o deputado Dr. Yglésio respondeu. “Eu tenho a absoluta certeza
porque já há um entendimento jurisprudencial de corte superior com repercussão
geral, o que quer dizer que todos os Tribunais do Brasil devem seguir essa
linha de pensamento. Em qualquer estado do Brasil que houver essa extensão a
foro privilegiado a quem não direito tem, ela será justamente o modelo para que
a gente consiga combater esse excesso de foro privilegiado para tantas
profissões.”, argumentou.
Quinze
anos de medicina me ensinaram que o bom médico exercita o raciocínio clínico.
Diante de uma doença de difícil reconhecimento, procuramos buscar pistas no
organismo do paciente para chegarmos, a partir dali, a um diagnóstico
bem-sucedido. O bom político, assim como o bom médico, deve ser também um
estudioso, mas da observação dos movimentos da sociedade, das tendências de
comportamento coletivo e das oportunidades de ocupar espaços.
Com
a vitória maiúscula do grupo que conduziu o governador Flávio Dino à reeleição,
já se projeta para 2022 um cenário em que não se visualiza a ressurreição dos
velhos atores da oligarquia Sarney e seus consortes no estado. As previsões
mais realistas sobre quem governará o Maranhão daqui a quatro anos pautam-se na
participação direta de 3 atores da política maranhense: dois deles, Weverton e
Brandão, saíram fortalecidos diretamente das urnas e são sucessores com vocação
natural à cadeira dos Leões. O terceiro, mais recentemente, tem-se destacado
pelo papel de conciliador e pelo trânsito em todos os poderes constituídos no
estado, além da grande influência junto aos 41 deputados estaduais do Maranhão.
Seu nome? Othelino Neto.
Em
que pesem as diferenças entre os três políticos, todos têm um traço em comum: a
necessidade de definição do destino de Flávio Dino. Se conseguir viabilizar-se
candidato competitivo e necessário das esquerdas à Presidência, que é a
condição primordial para que encampe a batalha rumo ao Planalto, Dino criará as
condições objetivas perfeitas para abrir 3 vagas de disputa majoritária aqui no
Maranhão: governador, vice e senador. Se Dino não conseguir viabilidade,
“restar-lhe-á” a honrosa vaga de senador da chapa, permitindo-lhe conquistar,
agora mais fortalecido, o protagonismo político em Brasília e manter vivo seu
sonho presidencial, adiado para 2026. Este é o nosso primeiro cenário e, nele,
Flávio precisará conduzir o processo local e operar o milagre de convencer um
destes homens a abrirem mão de suas pretensões: o primeiro é Brandão, que será
governador por 9 meses e poderá disputar a reeleição; o segundo é um senador da
República, eleito com 2 milhões de votos, amplamente articulado no estado e que
reúne condições ideais para ser um fenômeno nas urnas da próxima eleição. O
fato é que se Dino falhar e não houver uma ampla pactuação dentro do grupo,
abre-se a possibilidade de enfrentamento entre Brandão e Weverton, sendo
Othelino um provável fiel da balança para o cargo de vice-governador. Falarei
agora sobre este segundo cenário.
Com
Brandão à frente do governo, definido como candidato à reeleição e Weverton
irredutível quanto à sua posição de concorrer, sabemos que de plano haverá
adesão do DEM à chapa do líder maior do PDT. Primeiro, porque a relação de
Weverton com Juscelino Filho hoje é a melhor possível no plano local. Segundo,
porque é inegável o interesse do 1º suplente Robert Bringel (DEM), tio de
Juscelino, em assumir a vaga de Weverton em definitivo a partir de 2023.
Em
relação ao PSDB, partido que Brandão comandou no Estado por muitos anos, é
provável que este lhe dê apoio, o que garantiria inclusive a Roberto Rocha a
sobrevivência política no Estado após o término de seu mandato de senador.
Alguns analistas da política local já externaram sua posição, de que a balança
penderá ao final para Brandão por conta de “deter a chave do cofre do estado”
por 9 meses. O acompanhamento realista e desapaixonado da realidade recente tem
nos mostrado que a situação financeira do estado é difícil, muito mais complexa
do que nos anos em que Zé Reinaldo controlou o governo, investiu maciçamente
nos municípios e depois disso, reelegeu-se e ainda fez o seu sucessor, o eterno
Jackson Lago. A grande verdade é que ninguém pode duvidar da incrível
capacidade de Weverton e do PDT de montarem em nível estadual a já conhecida
“máquina de vencer eleições” do partido na capital maranhense.
Hoje,
Brandão tem a preferência da maioria do secretariado dinista. Enquanto isso,
Weverton tem a predileção de quase todos os deputados estaduais, vários
federais, além de um respeitável batalhão de prefeitos. Vale ressaltar que
colabora para o bom trânsito de Weverton no Poder do Rangedor o excelente
relacionamento político e pessoal que o senador mantém com Othelino. Quem
venceria este confronto? Quem viver, verá! Eu tenho o meu palpite.
O
terceiro cenário, capaz de acalmar ânimos e pretensões dos dois lados, têm
surgido a partir do que chamo de “liderança suave”. Falo aqui da possibilidade
do presidente da Assembleia, Othelino Neto, ser o nome de consenso do grupo
liderado hoje por Flávio Dino. De fala mansa, jeito discreto e investido de
autoridade pelo espírito republicano que lhe tem conduzido desde que assumiu a
Presidência, Othelino é elogiado de maneira recorrente por todos os deputados
da casa, sejam da situação ou de oposição. Esses atributos garantiram-lhe uma
reeleição fácil, inclusive antecipando o pleito do segundo biênio, onde foi
aclamado novamente por unanimidade. Hoje, inegavelmente goza da confiança do
governador do estado e do senador Weverton. Seu nome também aglutinaria vários
setores do secretariado estadual. Seu grande desafio, neste momento, é
transcender os muros do palácio Manuel Beckman e ganhar os quatro cantos do
Maranhão, fortalecendo-se também a partir da condução política das eleições na
Ilha e nas principais cidades do interior já em 2020.
Uma
articulação com Flávio Dino presidente poderia ter Othelino como cabeça de
chapa, Brandão como nome do grupo para o senado e Erlânio Xavier, homem de
confiança de Weverton e presidente da FAMEM eleito com o apoio de 203 dos 217
prefeitos, como vice-governador. Neste cenário de consenso, Erlânio conduziria
o processo político para 2026, onde aí sim, uma ampla articulação poderia
eleger Weverton governador e Othelino como candidato de peso a uma das vagas de
senador daqui a duas eleições. São muitas situações envolvidas e muitas
articulações a serem feitas, mas o reconfortante é saber que este grupo, que
tem buscado a superação dos problemas crônicos do Estado, tem muitas opções e
que, marchando unido, tem tudo para permanecer
por um bom tempo no comando do MA, pensando- o no longo prazo. É um belo
exercício de futurologia, mas a política é, assim como a matemática, feita de
várias condicionantes, equações e números e tem no tempo o seu ativo mais
precioso.
A contraofensiva às instituições de ensino superior públicas
não deveria ser surpresa a quem vivencia a era da anti-política, do culto à
ignorância como virtude democrática e da barbárie. Sendo as Universidades
ambientes onde Jair Bolsonaro e seus apoiadores jamais foram prestigiados e há
uma grande rejeição às suas ideias, não apenas por uma questão civilizatória,
mas também porque o ambiente nunca foi propício à proliferação de princípios
conservadores (ou reacionários), a alternativa era sucatear as instituições de
ensino superior públicas atacando um de seus pilares: a pesquisa científica.
E por falar em pesquisa, o referencial teórico dessa
perspectiva tacanha é a ideia de que as Universidades e intelectuais têm grande
estima pelo comunismo e por isso orquestram uma verdadeira revolução cultural,
nos termos propostos por Gramsci. Essa compreensão é disseminada por quem se
tornou o principal pensador da direita brasileira, Olavo de Carvalho, para
quem, após o fracasso das previsões marxistas de que a humanidade entraria em
uma marcha inexorável rumo ao socialismo, já que o proletariado foi hostil às
ideias revolucionárias e aproximou-se dos interesses capitalistas, o que levou
os teóricos coletivistas à conclusão de que era necessário modificar primeiramente
a mentalidade para transformar a condição social e não o contrário. Para
perseguir esse objetivo, os esforços da intelectualidade se voltaram contra a
estrutura da civilização ocidental, com ações que consistiam em promover
alterações na cultura, destruir a fé religiosa e a linguagem.
Surge, então, o termo marxismo cultural para definir uma
tendência acadêmica desenvolvida inicialmente por Lukács e Bloch, tendo ganhado
impulso entre 1920 e 1970 e que foi bem melhor interpretada por Merquior (que a
denomina de marxismo ocidental) e a explica como um pensamento marxista
não-soviético que se interessa majoritariamente pela cultura, criticando tudo
que possibilitou o desenvolvimento da civilização burguesa, sustenta que a
tarefa do proletariado é a recriação da comunidade como fenômeno cultural (não
mais social) através da hegemonia (predomínio social antecedente ao predomínio
político, ao contrário do que tentaram os revolucionários soviéticos) que tem
nos intelectuais seu principal personagem para promover as alterações
necessárias em uma sociedade urgentemente necessitada de redenção e que, após
1970, com o esgotamento das teorias sobre esse pensamento, se tornou uma forma
de contracultura institucionalizada, especialmente com o fim da Cortina de
Ferro, que significou o triunfo do capitalismo e enfraqueceu ainda mais o
socialismo e o comunismo como sistemas econômicos implementáveis, tornando o
desconstrucionismo cultural a única abordagem viável para manter os ideais
coletivistas vivos.
Em assim sendo, atualmente os conservadores acreditam
sinceramente que há um processo em andamento que pretende a destruição da
família tradicional, da religião, da heterossexualidade, do gênero humano,
enfim, uma ofensiva contra o mundo como o conhecem e o valorizam, e cujo gérmen
está nas Universidades públicas, que permitiram a colonização da ciência pela
política e onde há pouco espaço para pluralidade ideológica (até pouco tempo
atrás era difícil que pessoas conservadoras
se assumissem politicamente nas instituições de ensino superior
públicas, já que isso significa um verdadeiro suicídio social – e não sem razão
em um país onde os pretensos expoentes do conservadorismo se tornaram
porta-bandeiras da barbárie civilizatória).
Para combater essa tendência,
organizaram-se estrategicamente para eleger os candidatos que se opunham às
legendas tradicionais e defendiam as pautas que estavam em processo de
desconstrução, alçando aos Poderes Legislativo e Executivo os bárbaros da
República, que adotam a incivilidade como método político e institucionalizaram
a violência, dando ares de legitimidade democrática a grupos cujos interesses
são pouco louváveis, pois o que existe, na verdade, é a não superação de um
cenário de Guerra Fria, imensa desconsideração com ideias de justiça social, um
total descompromisso na promoção de uma sociedade de livres e iguais, um
neomacartismo da pior espécie e, por fim, um profundo ressentimento daqueles
que jamais serão prestigiados – em virtude de sua pequeneza intelectual e
humana – em um ambiente acadêmico. E apenas o manto da austeridade mal
direcionada seria capaz de mascarar tamanha alucinação coletiva.
A minha vontade de entrar
na vida política nasceu da minha experiência enquanto médico do SUS. Podemos
fazer muito na medicina pública, mas não podemos resolver todos os problemas,
infelizmente. Ser deputado estadual me possibilita encarar as dificuldades com
uma visão global. É desta forma que tenho pautado o meu mandato: tentando olhar
os problemas do nascedouro à possível solução. Conquistar o mandato de deputado
estadual era um dos meus maiores sonhos.
Assim que recebi a
notícia da vitória, comecei a buscar conhecer mais o parlamento, comecei a
conversar mais com os que ali estavam. Comecei a aprender e ajustar as minhas
expectativas mais românticas em linhas mais reais de trabalho. Isso diminuiu em
nada a minha vontade de executar o melhor trabalho possível, mas me ajudou muito
a permanecer em contato com a realidade das coisas, para não perder a concentração
com situações adversas e normais que usualmente afetam os mais ansiosos.
Aprender com meus erros, mas também aprender bastante com os erros alheios,
sempre fez parte da minha metodologia de trabalho. Ouvir mais no começo, para
poder falar mais adiante, foi assim que consegui chegar aqui. Nas vezes que me afastei
dessa política interior, colhi resultados desfavoráveis.
No primeiro dia de
trabalho, queria homenagear um pouco a minha própria trajetória. Minha única
passagem pela gestão pública foram 7 meses como diretor do Socorrão 1. Depois
de alguns erros e muitas injustiças que me invisibilizaram por 4 anos, voltei ao
jogo. Era preciso fazer algo impactante e que fosse verdadeiro para mim.
Lembrei do que tinha me
colocado no cenário da vida pública, justamente a campanha de arrecadação de
insumos para o hospital. Lembro que alguns opositores da prefeitura tentaram macular
a beleza da ação das pessoas que ajudaram dizendo que a iniciativa era imoral
ou ilegal, tanto faz, estavam errados, mas eu sentia a necessidade de dar uma
efetiva resposta. A partir daí, criei o projeto de Lei de Incentivo à Saúde no primeiro
dia mandato. Posteriormente, encaminhamos para o Governador apresentar o
projeto, pois a Constituição diz que é dele a prerrogativa. Estamos
acompanhando a tramitação e estimulando o governo a agilizar os procedimentos
de implementação da lei. Acredito que a iniciativa privada pode somar esforços
para resolver os problemas mais urgentes do SUS.
Em outra ponta, uma outra
preocupação minha sempre foi o atendimento ao câncer no Maranhão. Não sei
direito explicar o motivo pelo qual a doença câncer desperta em mim uma atenção
profunda, não sei se medo ou vontade de vencê-la, por ser patologia algumas
vezes de tão grande vilania. O fato é que sempre acompanhei a situação difícil
das instituições que promovem o atendimento ao câncer no país.
Transferindo isso para
nossa realidade, acompanhei a via crucis do Hospital Aldenora Bello de perto e,
no momento de grave crise em 2019, propusemos ao Governo do Estado a correção
do texto do Fundo Estadual de Combate ao Câncer para desfazer alguns equívocos
da Lei e, assim, proporcionar que o Fundo seja utilizado sem nenhuma
contestação judicial. Havia muitas ameaças legais à lei já sancionada.
Trabalhei muito tempo na
Baixada, senti as dificuldades do transporte de ferry-boat na pele. Embarcações
malconservadas, passagens caras, sistema de marcação de bilhetes ineficaz. Por
vezes, para poder chegar a meu plantão, precisava recorrer a favores para conseguir
embarcar, mas sempre pensei: e quem não tem acesso? O que vai acontecer com os
pacientes do outro lado da travessia? Sabemos que as doenças não esperam, então,
pra garantir a chegada dos profissionais do outro lado, já que parece
invencível a falta de padrão de trabalho das prestadoras de serviços de ferry,
a despeito do trabalho da MOB e do Procon, apresentamos o PL que trata sobre o
embarque prioritário de profissional de medicina ao transporte aquaviário, para
que a população da Baixada não fique sem médico por qualquer imprevisto na
travessia São Luís/Cujupe. Infelizmente, foi necessário legislar para sanar uma
óbvia falta de qualidade dos serviços das concessionárias de serviços de
transporte aquaviário.
No que tange à segurança
pública, sempre considerei que é mais fácil vencer o crime com informação em
detrimento da truculência repressiva. O caminho para vitória contra os bandidos
é ataca-los no coração de seus planos criminosos. Por isso, a presentamos um
projeto que garante o pagamento de recompensa por informações que auxiliem a
polícia nas investigações criminais. Contudo, sem olvidar da necessidade de
melhorar a qualidade das nossas próprias ações repressivas, ainda necessárias,
buscamos fortalecer a qualidade da nossa PM, com um projeto que destina 20% das
vagas dos concursos da PM e do Corpo de Bombeiros para egressos dos colégios
militares. Essas escolas inserem os alunos muito precocemente na rotina do
militarismo e com a disciplina clássica deste, o aprendizado tem alçado
resultados positivos e muito acima da média das escolas públicas do Maranhão.
Acredito que os alunos destas escolas estarão bem preparados para fazer da PM e
Corpo de Bombeiros, corporações cada vez mais sólidas em conhecimento técnico e
humanização.
Ainda sobre essas instituições de ensino básico que são
referência em educação, criei outro projeto de lei que destina 20% das vagas
oferecidas pelas escolas militares para alunos oriundos das escolas públicas
maranhenses, para oferecer a oportunidade de que crianças e adolescentes que
não têm uma educação tão boa possam estudar em escolas públicas de excelência
e, se assim quiserem, ingressar na carreira militar futuramente.
Quando estava de fora do
processo político-eleitoral, sempre imaginei uma forma de fazer com que
cidadãos da ponta da sociedade pudessem participar do processo legislativo. Na
nossa Constituição Estadual já há a previsão de lei de iniciativa popular, mas
pensei em uma forma de permitir ao povo mudar a própria Constituição e por isso
apresentei uma PEC para que as pessoas possam propor alterações na constituição
estadual. É a PEC DA INICIATIVA POPULAR.
A missão de um
parlamentar é legislar, mas acima de tudo, defender aqueles que lhe confiaram o
mandato. Num estado como o Maranhão, onde a imensa maioria das pessoas não tem
condições de pagar um advogado para ter acesso ao sistema de justiça, é fundamental
fortalecer a Defensoria Pública Estadual (DPE). Empoderar aqueles que defendem
os mais humildes nos levou a propor outra importante mudança na Constituição
Estadual: é a PEC DA DEFENSORIA PÚBLICA, fruto da parceria e do diálogo do
nosso mandato com a DPE. Vamos ampliar o rol de legitimados com competência
para propor ADI ante o Tribunal de Justiça, legitimando o Defensor Público-Geral
do Estado como propositor desse tipo de ação.
No entanto, nem só de projetos de lei e emendas à
Constituição é feito o nosso mandato. Temos atuado também nas comissões
permanentes da Assembleia Legislativa do Maranhão, com destaque para a Comissão
de Constituição e Justiça e a Comissão da Saúde, que, em defesa da sociedade,
já fui o relator de dezoito projetos de lei, uma moção e um projeto de
resolução legislativa. Enfatizo a relatoria do projeto de lei de iniciativa do
Poder Executivo que tratava sobre o empréstimo para o pagamento de precatórios,
e que foi um grande desafio enfrentado por nós informar adequadamente os
cidadãos sobre a necessidade do Estado em cumprir com suas obrigações,
especialmente as decorrentes de condenações judiciais.
Na presidência da
comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional, propus a realização
de Audiência sobre os problemas da Ilha de São Luís. Ainda na mesma comissão,
iniciamos o Grupo de Trabalho para discutir a questão dos abatedouros no
Maranhão em parceria com a AGED, SUVISA e demais órgãos. Importante lembrar
também da nossa participação no PL do Habitar Centro, com emenda que endureceu
a penalidade imposta a quem eventualmente tentar fazer mau uso do benefício
fiscal da lei.
Na vice-presidência da
comissão de Saúde, fiz importantes relatorias e mediei a solução da suspensão
das atividades do Hospital Geral de Matões do Norte; também ajudamos suspender
a paralisação do serviço de SPA do Hospital Aldenora Bello; retomamos a
discussão das 30h enfermagem no estado; fizemos uma Sessão Especial em prol da
Fundação Antonio Dino e Hospital Aldenora Bello; emendamos o projeto de lei que
reestruturou o Conselho Estadual de Saúde. Emendamos o projeto do RG+, colocando
a obrigatoriedade do registro das alergias no documento e regulamentando o
preenchimento das condições de Saúde. Na comissão de segurança pública, temos dialogado
com as diversas categorias responsáveis pela segurança pública no Estado.
Foram
100 dias ininterruptos de muito trabalho e realizações, que me fazem ter certeza
que podemos fazer um grande trabalho pelo Maranhão. Que venham muitos dias mais!
A Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Social da Assembleia Legislativa decidiu mudar o horário das reuniões para as quartas-feiras, a partir das 13h. O presidente da Comissão, deputado Dr. Yglésio (PDT), explicou que a alteração ocorreu porque o novo horário vai permitir maior debate em torno dos assuntos e análises de projetos.
Concordaram com a mudança do horário da Comissão de Assuntos Municipais vários deputados, entre eles, Hélio Soares (PR), Arnaldo Melo (MDB) e Wendell Lages (PMN), além de Dr. Yglésio, que defendeu a mudança por conta do sucesso da alteração feita pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), para as terças-feiras, às 14h.
“A realização das reuniões na parte da tarde vai permitir que os debates e discussões de assuntos sejam de forma mais exaustiva. As reuniões eram corridas na parte de manhã, por conta de a sessão plenária começar às 9h30. Com a mudança para a tarde teremos como aprofundar as questões”, disse.
Na primeira reunião, na próxima semana, a Comissão vai tratar da proposta de privatização do Parque Ecológico dos Lençóis Maranhenses, do Governo Bolsonaro. O deputado Yglésio informou que serão ouvidos representante do Instituto Chico Mendes (ICMBio), que administra o parque, em um amplo debate com as presenças de vários especialistas, a exemplo do advogado Diogo Viana, que conhece a legislação sobre o assunto.
O deputado Arnaldo Melo é o autor da proposta de debate em torno da privatização do Parque dos Lençóis. “Vamos criar um fórum para debater o assunto. Os Lençóis são nossos para discutir as reservas naturais. É um tema de relevância nacional e que deve ser assumido pela Assembleia em nome do povo maranhense”, disse.
Em 1999, Justin Kruger e David Dunning, pesquisadores americanos,
publicaram um artigo no Journal of Personality and Social Psychology
intitulado “Unskilled and Unaware of It: How Difficulties in Recognizing One’s
Own Incompetence Lead to Inflated Self-Assessments“, que se pode traduzir como
“Incompetente e desavisado da própria limitação: Como as dificuldades de alguém
em reconhecer a própria incompetência conduzem-no a um julgamento exagerado das
próprias capacidades”. Esta pesquisa veio-me à memória pelo desenrolar das
recentes notícias dos cortes no orçamento do Ministério da Educação, da ordem
de R$ 7.4 bilhões.
Com a posse do presidente Bolsonaro, houve um movimento de
instrumentalização do Ministério da Educação com fins ideológicos como nunca
visto antes. Primeiro, o então Ministro Vélez Rodriguez, nomeado sem qualquer
experiência de gestão exitosa em seu curriculum, aparelhou os quadros da pasta com ex-alunos de Olavo de
Carvalho e servidores militares, iniciando uma verdadeira disputa interna que
discutiu: marxismo no ENEM, Escola sem
Partido, hino nacional na escola, porém esqueceu-se de discutir temas
verdadeiramente relevantes, tais como: investimentos em educação, indicadores
acadêmicos, Plano Nacional de Educação e o destino do FUNDEB.
Vélez afirmou que “a ideia de universidade para todos
não existe”. Com essa concepção pseudomeritocrática tão típica do
bolsonarismo, aqueles que não dispõem de meios para tornarem-se “elite
intelectual” em tempo hábil, estariam fadados a serem trabalhadores de linha de
produção. Vélez, como o leitor já sabe,
foi substituído por Abraham Weintraub, economista e gestor financeiro, com
mestrado na FGV. Este, logo após a posse, agindo como mensageiro de Paulo
Guedes no MEC, anunciou um corte de 30% em recursos destinados às Universidades
Federais, afirmando que os campi seriam produtores de
“balbúrdia”. Elegeu três inimigas: a Universidade de Brasília
(UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da
Bahia (UFBA). Com a reação imediata dos reitores e da comunidade acadêmica, ao
invés do recuo no corte, Abraham ficou mais confortável para estender a “tesourada” em diferentes
proporções a todas as instituições de ensino superior federais do país.
Antes disso, o ministro já havia feito a profecia apocalíptica de
esvaziar os cursos de Filosofia e Sociologia, que segundo sua visão, em nada
contribuem para a sociedade sobre o prisma econômico e que custariam caro aos
contribuintes. A tônica do discurso de Weintraub tem sido, desde a posse, a
repetição de mentiras levadas ao extremo para produzir fakenews em escala
continental, à semelhança nazista.
Na contramão da suposta redução de verbas das ciências humanas para os
cursos técnicos, o Instituto Federal de Tecnologia do Maranhão (IFMA), foi
“premiado” com uma redução de 38% do orçamento (28 milhões de reais)e passa a
ter ameaça de fechamento de suas atividades no segundo semestre. Na
Universidade Federal do Maranhão, a situação é igualmente desalentadora. O MEC
tem insistido na tese de que estes recursos das universidades federais serão
realocados para o ensino fundamental, que proporcionalmente é menos financiado
que o ensino superior. “Um estudante universitário custa 3 vezes um estudante
do ensino fundamental”, disse Weintraub recentemente em entrevista.
Ainda insatisfeito com a repercussão de suas declarações anteriores, o
ministro da Educação chamou o FIES, que ampliou as vagas de ensino
universitário no país, de “desastre”. A comunidade cientifica
internacional reagiu, criando um manifesto contrário ao desmanche do ensino
superior brasileiro, assinado por intelectuais de Harvard, Princeton, Yale,
Cambridge, Berkeley e de várias instituições brasileiras. O documento reforça
que “as ciências sociais e as humanidades não são um luxo” e defende que “nas
nossas sociedades democráticas, os políticos não devem decidir o que é a boa ou
a má ciência”. Diante disso, o governo recuou. Uma nota do MEC disse que não haverá
corte, mas sim um contingenciamento de gastos. Condicionou a liberação da verba
para as instituições de educação superior à aprovação da reforma da
Previdência. A barganha do governo Bolsonaro chegou ao nível de colocar em
risco a produção científica brasileira.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior
(ANDIFES) mostrou que os bloqueios não pouparam nenhum dos níveis da educação.
O MEC bloqueou R$ 146 milhões dos R$ 265 milhões previstos inicialmente, para
construção ou obra em unidades do ensino básico. Em relação ao ensino técnico,
vitrine do “bolsonarismo-olavete”, todo os recursos previstos para Pronatec,
cerca de R$ 100 milhões, foram bloqueados. A desestruturação do sistema de ensino
é evidente, não apenas por contingenciamento de verbas, mas por metodologia de
trabalho da gestão de Jair Bolsonaro. Há um perigoso entendimento por parte do
Governo Federal de que ensino fundamental e superior são antagônicos, porém é
evidente a complementariedade entre ambos. É indispensável garantir aos
professores do ensino fundamental pleno acesso à universidade de qualidade,
para que possa formar adequadamente as crianças e reverter os indicadores ruins
que o Brasil tem, especialmente do atraso escolar de jovens. É fundamental
garantir a retomada dos investimentos para a educação, pois com a desaceleração
do nosso crescimento demográfico, a tendência é de redução da base da pirâmide
e alargamento do ápice, com menos pessoas aptas a sustentar uma crescente massa
de aposentados. A continuar como estamos, seguindo a correnteza deste rio de
ideologias radicais, num barco guiado por valentões arrogantes que acreditam
que muito sabem, porém pouco de fato conhecem, caminharemos para o desmanche
completo das conquistas de longa data, dos marcos históricos, da chance de um futuro
para este colosso chamado Brasil, cada
vez mais distantes dos ideais democráticos. Este é o naufrágio que nenhum de
nós aceitará!