Em 2020, venceremos!

Dr. Yglésio

Médico, professor universitário e deputado estadual

Desde os dois anos e meio de idade, comecei a estudar na escola e de lá nunca mais parei de ter como meta o aprimoramento intelectual. Por conta da fragilidade financeira da minha família naquela época e extremamente pautado pelos estímulos maternos de estar sempre em destaque, creio que me tornei uma pessoa com raízes muito competitivas. Rankings escolares, aprovações em primeiro lugar em vestibulares, sucesso em mais de vinte concursos públicos, doutorado antes dos 30 anos, alcançar esses resultados era o que fazia sentido na minha vida até alguns anos atrás. Fato é que ano que vem completarei 40 anos de idade. A considerar a expectativa de vida de um brasileiro de classe média, posso dizer que avanço para a segunda metade da vida. Feliz por tudo que Deus me oportunizou e extremamente grato pelo resultado das coisas em minha vida, assim sigo adiante.

Carl Jung, pai da Psicologia Analítica, costumava dizer que um homem vive até os 40 anos uma interação com a realidade completamente diferente daquela que viverá após os 40. É grande a possibilidade de ocorrer uma mudança de comportamento ou da forma que um ser humano experimentará a percepção da realidade. Esse processo complexo foi descrito por Jung pelo termo metanoia. Comportamentos extremamente extrovertidos podem migrar para uma introversão completa e o contrário também é verdadeiro. Se pudesse resumir toda essa discussão numa única pergunta com cunho autobiográfico, ela provavelmente seria: o que mudou na minha forma de ver a minha vida? Aí, provavelmente responderia:-eu aprendi a perder. É justamente aí o ponto de virada na minha estrutura emocional. Só um homem que consegue aceitar de maneira resignada uma derrota e aprender com ela está preparado para chegar à vitória e transformá-la em um poderoso ativo de transformação da realidade.

A política é capaz de transformar vidas, de alcançar gente que antes seria “invisível”. De certa forma, eu experimento essa sensação há quase duas décadas na Medicina, mas devo admitir que vivia isso de uma maneira mais restrita, já que a política oportuniza transformação de vidas em série e, diante disso, afirmo que a sensação de ser agente da mudança dentro de um sistema tão violento quanto o nosso sistema político é indescritível. A alegria que sinto por estar deputado é indizível. Ao ano de 2019 e ao Povo do meu Estado, sem ressalvas, só tenho a agradecer.

Sempre fui altamente disciplinado nas minhas missões e neste ano consegui concluir o ano sem faltas na Assembleia Legislativa, ficando, portanto, no primeiro lugar do ranking de assiduidade. Ficamos também com o primeiro lugar no ranking de produtividade legislativa da Casa do Povo, com mais de 540 proposições, entre: indicações, moções, projetos de lei, projetos de resolução legislativa, projetos de lei complementar, propostas de emendas à Constituição Estadual (PEC) e emendas a projetos de outrem. Não apenas tivemos preocupação com números, colocamos a qualidade das proposições como requisito chave, o que nos fez aprovar boa quantidade de projetos, inclusive com promulgação da emenda constitucional que legitimou a Iniciativa Popular para propositura de PEC’s; sem dúvidas, um grande avanço na vivência democrática e participação popular no Estado. Não poderia falar do trabalho e deixar de enumerar a quantidade de relatorias (ao todo foram 90), distribuídas entre a Comissão de Constituição e Justiça e a Comissão de Saúde.

No tocante à cidade de São Luís e seu papel metropolitano, discutimo-la ativamente na ALEMA e promovemos audiências públicas sobre metropolização, abastecimento de água e realizamos, com inegável ineditismo, o 1º Fórum Maranhense de Mobilidade Urbana, para discutir a problemática de transporte e mobilidade em nossa cidade. Fizemos a indicação do projeto “Beira-Mar de todos” e realizamos também a audiência pública, visando ampliar a ocupação do Centro aos domingos, por acreditar que o estímulo ao sentimento de pertencimento é o melhor caminho para resgatar nossa memória cultural e preservar o nosso patrimônio histórico. Como ludovicense nato e apaixonado por esta cidade, tenho certeza que há muito ainda a caminhar, mas há convicção que primeiros passos firmes foram dados.

O final de todo ano costuma deixar no ar um clima de nostalgia- não para mim! Posso resumir este ano em 3 palavras:  trabalho, gratidão e amor. Ao final do nosso primeiro ano de mandato, jamais me poderia permitir qualquer sentimento de melancolia e muito menos achar que é o fim, ao contrário, sinto-me completamente eletrificado e renovado! Que venha o próximo ano não como um começo, mas sim como a continuidade dessa jornada de luta, esperança e fé! Desafios pela frente haverá sempre! Venceremos alguns muitos, perderemos alguns (poucos, espero), mas o coração está pronto pra manter a ternura e a mente segue focada para desenvolver o melhor trabalho possível.  Na Assembleia Legislativa, seguiremos firmes por um Maranhão cada vez melhor para se viver, apresentando projetos que realmente possam fazer diferença na vida das pessoas. Legislar por um Maranhão justo e que consiga de fato enxergar os invisíveis. Mais do que legislar, representar estes invisíveis!  Caro 2019, adiós amigo !Gracias! “Hasta la victoria siempre!”

Até 2020! Venceremos!

Até quando Podemos esconder os aliados?

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Mesmo com o fim do ano, as articulações políticas seguem em franca ebulição. Em um canto da disputa, Eduardo Braide, ainda ostentando a pecha de pretenso favorito na eleição, tentando vencer a si mesmo ao ver-se obrigado a fazer o que nunca conseguiu: dialogar com a classe política, mas tropeçando a olhos vistos ao prometer o mesmo a vários partidos de peso. Iniciou o debate de vice-prefeito contando com o desejo do PL, mas por insegurança sua quanto a uma coligação com o cada vez mais influente deputado Josimar de Maranhãozinho, vai tentar convencer este de que não é bom associarem-se diretamente e jogará a falsa promessa de apoiá-lo a governador em 2022. Ora, quem não tem coragem de ostentar o apoio de um partido altamente estratégico como o PL numa chapa de vice, terá coragem de apoiar o presidente do mesmo partido a governador em 2022?

Outro que parece estar se deixando enganar é o Senador Roberto Rocha. Com um partido tradicionalmente competitivo como o PSDB tendo um pré-candidato que pontua bem nas pesquisas, o deputado Wellington do Curso, mesmo assim Roberto, político experiente, tem sido seduzido pela voz suave e fina de Braide, que também lhe promete participação numa eventual gestão municipal de coalizão partidária. Dizem que Rocha gostaria de emplacar alguém de sua família na vaga de vice. Não custa nada lembrar que no PSDB, também desembarcou a família Murad. Eduardo, conhecido por ser escabriado com apoios políticos, vai ter a coragem de levantar as mãos junto com Ricardo e fazer as fotos para logo depois ser queimado e “multitriturado” pela máquina de vencer eleições situada ali no bairro do Monte Castelo? 

Ainda há conversas com o PSC de Aluísio Mendes, que mesmo tendo “tomado um balão” e sido expulso do Podemos por conta de Braide, por algum motivo que só Freud pode explicar e por não ter para onde ir na eleição municipal, deve aderir de maneira automática ao ex-É33, agora É19. Ao que consta, também se iniciou uma conversa com o PSD do deputado Edilázio, político conhecido por ser extremamente correto no cumprimento de acordos. Agora, o último ato que Braide terá que cumprir antes de sagrar-se prefeito, obviamente o mais difícil, é combinar com o povo, a quem em 2016 conseguiu enganar (pelo menos 46% do eleitorado), quando se colocou como algo novo na política, mesmo não sendo nada de novo no Reino da Dinamarca, mas fato é que teve quase 250.000 votos e bateu na trave. Como diria um amigo mais experiente, cabe lembrar que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Como o deputado Braide vai se reapresentar para a população? Como sendo o “anti-político”, mais uma vez? Mas como fazê-lo, se no barco que comandará, a tripulação estará cheia de políticos tradicionais? Meu palpite é que esta contradição tem tirado seu sono e a de seus consultores e que seu silêncio sepulcral a respeito do tema nada mais é do que representativo da absoluta falta de resposta para estas perguntas.

É importante ressaltar que estamos tratando das várias narrativas que vêm sendo construídas em cima de um pré-candidato e é bom que se diga em alto e bom som que a política não deve ser demonizada. Em conversa com qualquer político tarimbado, a mensagem que escutamos é que “não se rejeita apoio político”. Um bom exemplo dessa máxima é o governador Flávio Dino, que em 2008, quando disputou a prefeitura de São Luís, contou com o apoio somente do PT, além do seu PC do B. Já na sua reeleição ao governo, Flávio contou com a adesão de 16 partidos. E ninguém questionava as cores partidárias avizinhadas com o governador, sabe por quê? Porque a população confiava em seu projeto de governo e havia um claro entendimento desse projeto para o Maranhão dentro de uma campanha majoritária. Já o pré-candidato do Podemos sabe que ainda não tem uma plataforma consolidada de cidade. Deu sorte em 2016 ao enfrentar um pool de candidatos que não se prepararam para discutir São Luís e terminou chegando ao segundo turno. Hoje, sobrevive desse recall e de um discurso vazio, onde critica governo e prefeitura. Duas certezas que tenho na vida: que dia 1º de janeiro será 2020 e também mais um ano em que Braide será derrotado na disputa pela Prefeitura de São Luís. Temos motivos para celebrar! Em 2020, falarei sobre a articulação do outro canto da disputa, o nosso campo governista. Boas festas!

O Buda está nu!

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Durante o ano, tive a oportunidade de denunciar a série de irregularidades em decisões da 1ª Vara Cível de Caxias. Decisões que foram dadas em favor de transferências de alunos de instituições privadas pra públicas de maneira extremamente suspeita, contrariando o entendimento do Supremo Tribunal Federal – STF e o Código de Processo Civil. No epicentro das denúncias, o já multi-denunciado, multi-investigado e multienrolado “magistrado” Sidarta Gautama Farias Maranhão, titular da já referida Vara. Não fiz nada mais do que cumprir com o meu dever de representante do povo, eleito para atuar em defesa da sociedade e fiscalizando os atos dos demais Poderes. Além de médico, sou estudante do décimo período do curso de Direito e um admirador da Magistratura e do Poder Judiciário, que são igualmente, tal qual o Legislativo, garantidores do Estado Democrático de Direito. Jamais busquei ser paladino da justiça ou de qualquer coisa similar… sou apenas um homem que não se conforma em receber diariamente denúncias de advogados de Caxias dizendo que precisam fazer acertos em sentenças e alvarás pra conseguir acesso a decisões da ordem de poucos mil a milhões de reais.

Na última semana, repercuti na tribuna da Assembleia investigação contra o “magistrado “ por parte do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas – GAECO, por suposta prática de agiotagem. No Plenário Nagib Haickel, mostrei a suspeita de que o magistrado era dono de carros de luxos, aeronaves (helicópteros) e fazendas, bens incompatíveis com os vencimentos que recebe como juiz. O caso teve repercussão na imprensa séria que deu voz a uma denúncia tão escabrosa como a da “farra das liminares” que acontecia com as transferências de alunos para o curso de medicina da UEMA. Com grande surpresa, no dia seguinte, tive a minha intimidade familiar violada, estimulada pelo multi-denunciado juiz, que misteriosamente nunca quis mudar de comarca, tentando-me colocar na sua mesma vala rasa, ao estimular agentes públicos e membros da esgotosfera a inventarem que minha esposa se beneficiou de decisão semelhante em 2016. Mentira! Minha esposa estudava em uma  universidade particular e foi transferida para outra instituição particular, respeitando a jurisprudência do STF e eu nem político era naquela época.

É consabido que as forças do mal tentam macular quem não vive nas sombras, mas o tiro do “Buda” saiu pela culatra. Consegui reunir provas de que o mesmo está atuando ativamente nos bastidores tentando salvar a sua pele da aposentadoria compulsória e da prisão. A ousadia do magistrado em tentar invadir o meu ambiente familiar me deu força e coragem pra descobrir mais dos seus esquemas, dos seus laranjas e da sua ocultação de patrimônio. É preciso destacar o grande papel da Corregedoria do Tribunal de Justiça nessa luta pela moralização da atividade judiciária no Estado. Destaco o corregedor Marcelo Carvalho e o Presidente José Joaquim, que tem sido firmes nessa missão. Quanto ao juiz investigado pelo GAECO, eu sei o que ele anda fazendo no seu desespero para se salvar. A estratégia é tentar descredibilizar quem se levanta contra a sua atuação que tanto envergonha a magistratura, mas garanto que jamais baixarei a cabeça a quem quer que seja e sob hipótese alguma recuarei do que foi iniciado. Nem que isso custe a minha vida. Pessoalmente, nada tenho contra o magistrado, mas muito tenho contra os que maculam funções públicas de grande relevância e se valem delas para cometer injustiças e crimes.

Que venham as mentiras, que venham as perseguições! Estou pronto para o combate! A covardia de quem mexe com a família alheia vai ter lição, tenham certeza! O Buda finalmente está nu.

Um Fórum para falar de mobilidade urbana!

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Em tempos de patrulhamento de opinião nas redes, é fundamental levar o debate da mobilidade urbana para muito além da arena eleitoral, pois quando as discussões estão nessa seara, tensionam-se os ânimos e surgem soluções imediatistas, centradas em interesses muito mais ligados a grupos políticos e empresariais do que aos interesses dos moradores das grandes cidades, que passam horas do dia estressados num trânsito cada vez mais caótico. As cidades têm evoluído e os velhos modelos de organização urbana baseados em ônibus nas ruas, estacionamentos gratuitos e trânsito livre para carros e motos trafegarem está fadado ao fracasso.

A nossa cultura patrimonialista, que ainda insiste em atrelar a imagem de sucesso financeiro à aquisição de um automóvel, é página passada nos grandes centros urbanos. Cidades como Paris, Lisboa, Londres e São Paulo apresentam modelos de redução de velocidade nas vias urbanas e presença cada vez maior de meios de transporte como bicicletas e patinetes nas vias públicas e nós ainda estamos na fase de discussão de projetos de asfaltamento de vias públicas para dar passagem a… carros! Carros e mais carros continuam a lentificar o trânsito de nossas avenidas e os ônibus continuam a seguir trajetos sem grandes lógicas de ocupação e utilidade.

É preciso pensar fora da caixa e ter coragem de romper o velho paradigma de transporte “ônibus-carro-moto”. Para discutir a necessária evolução das políticas de mobilidade urbana, com um enfoque muito claro na humanização das relações de transporte, impacto de tecnologias e cidades inteligentes, realizaremos o primeiro “Fórum Maranhense de Mobilidade Urbana”, através da Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional da Assembleia Legislativa do Maranhão no dia 11 de dezembro de 2019, no auditório Neiva Moreira, no Complexo de Comunicação da ALEMA, a partir das 8:00h. Separamos o evento em três painéis: “Panorama da Mobilidade Urbana de São Luís”, “Cidade Inteligente e Mobilidade Urbana” e “Os impactos da tecnologia no transporte público”. Cada um deles será apresentado e discutido por pessoas com ampla expertise em suas áreas de atuação.

Destaco aqui, como um aperitivo do evento, o painel “Cidade Inteligente e Mobilidade Urbana”. A internet das coisas está presente em nossa vida e não seria diferente no trânsito das cidades. Estamos a todo tempo conectados e com isso geramos dados. Dentro desta perspectiva, contaremos com a exposição da jornalista e pesquisadora Rafaela Marques, que tem desenvolvido estudos voltados para políticas urbanas. Rafaela vai falar sobre “Princípios de desenvolvimento orientados ao transporte sustentável”. Ainda no mesmo painel, o tema “A Cidade de São Luís e as suas mobilidades” será apresentado pelo professor Alcântara, pós- doutor em Sociologia.

Na esteira de toda a inovação tecnológica desta década, não poderíamos deixar de fora uma análise técnica dos impactos dos apps de transporte na vida das grandes cidades. Muitas das soluções apresentadas na era dos smartphones geraram problemas derivados justamente da tecnologia que trouxe novos modais para as cidades, a exemplo dos aplicativos de motoristas (Uber, Cabify, 99, Mary Drive, etc). O juiz da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, Douglas de Melo Martins, vai tratar do recorrente desinteresse do uso do transporte público tradicional. Recentemente, estive com o juiz Douglas e ele defende políticas públicas para estimular o uso do transporte público em detrimento do transporte individual.

Em outra frente, teremos a palestra “Mobilidade Inteligente”, do professor Areolino de Almeida, que já foi coordenador de um projeto de desenvolvimento de semáforos de trânsito com programação via internet. Areolino é engenheiro eletricista e doutor em Engenharia Aeronáutica e Mecânica pelo ITA/Universidade de Hannover e tem atuação em Sistemas Mecatrônicos e Inteligência Artificial. Abordaremos ainda a segmentação do transporte público. Segmentar significa atender cada público dentro de suas diferentes especificidades. Um exemplo muito marcante de segmentação é o desenvolvimento de aplicativos de transporte específicos para mulheres, diante do reconhecimento dos frequentes casos de abusos contra elas no transporte público. O CEO do app Mary Drive, Felipe Martins, primeiro aplicativo de transporte específico para mulheres, vai detalhar a sua experiência na área.

Entre o nascimento das boas ideias e a execução destas sob forma de políticas públicas, há um grande caminho. O ponto de partida é a união da sociedade na discussão dos grandes temas que lhe pertinem. O primeiro Fórum Maranhense de Mobilidade Urbana não tem a pretensão de ser o ponto de partida, muito menos o ponto de chegada, mas temos a convicção de que certamente estamos nos mobilizando… todos convidados!!!

Cigarro eletrônico: a nova forma de morrer mais rápido

Foto: Google Imagens

Dizem que a história se repete e a moda se reinventa. Lembro, ainda na infância, dos rios de dinheiro que a indústria do cigarro jogou no cinema, em propagandas e até patrocinando eventos esportivos. Quem não lembra da marca da Marlboro no carro de Fórmula 1 do Ayrton Senna? O objetivo da indústria da morte era influenciar o consumo e inserir-se na indústria cultural, com o propósito único de vender a ideia de que fumar era um estilo de vida.

Agora, mais uma vez, a indústria do tabagismo quer se reinventar e repaginar uma moda que já estava démodé. Chegaram então os cigarros eletrônicos, conhecidos como “vapes”. A legislação antifumo vigente proíbe propaganda de cigarro e dispositivos correlatos, num claro esforço estatal para desestimular o consumo e salvar vidas.  Quando surgiram no mercado, os vapes  buscavam ajudar os fumantes a largarem o cigarro convencional.
Menos substâncias tóxicas e zero odor, diziam. Acontece que o que era estratégia pra combater vício antigo transformou-se em vício novo, gourmetizado. Quem fumava poucas vezes por dia pelos inconvenientes do mau cheiro do cigarro começou a fumar vapes inúmeras vezes ao dia.
E como não pode ser exibida uma propaganda no meio do Jornal Nacional, a indústria dos cigarros eletrônicos tem utilizado os digital influencers por meio de plataformas de amplo acesso, tais como Instagram e YouTube, para criar cada vez mais seguidores dessa “moda”.

Infelizmente, a tal moda está pegando. Nos Estados Unidos, um em cada cinco adolescentes que cursam o Ensino Médio já consomem o cigarro eletrônico. De 2017 para 2018, o uso quase dobrou, passando de 12% para 21%, na contramão do tabagismo tradicional que está em declínio. No Brasil, como as pesquisas são menos frequentes, ainda é inexata  a quantidade de fumantes de vapes! A pesquisa mais recente, realizada em 2015 pelo Instituto Nacional de Câncer e Fundação Oswaldo Cruz, estima 600 mil usuários no país. Por isso, é hora de  levar a sério esta discussão e ligar o sinal vermelho para a nova onda que tem invadido escolas e festas.

O uso do vape desencadeou uma síndrome que ganhou o nome de Evali, que significa “Lesão Pulmonar Associada a Produto de Vapping ou Cigarro Eletrônico”. Os pesquisadores detectaram que o principal responsável pela síndrome respiratória é a vitamina E presente no líquido vaporizado pelos cigarros eletrônicos, sejam eles de derivados de nicotina ou da própria maconha. A Universidade de Nova York fez testes com camundongos em pequenas câmaras cheias de vapor de cigarro eletrônico. Após um ano de sessões regulares de 20h semanais, um grupo de nove dos 40 roedores que inalaram a fumaça desenvolveu câncer de pulmão e 23 desses ratos tinham hiperplasia da bexiga, condição que normalmente precede tumores.
Essas pesquisas apontam para uma certeza: não é inofensivo o uso do cigarro eletrônico! Para um apontamento extremamente acurado sobre os efeitos cancerígenos dos vapes em humanos, as pesquisas requerem um período de mais de dez anos. Vamos esperar todo esse tempo e de imediato liberar a venda desses dispositivos? Pra daqui a 10 anos termos milhares de pessoas com câncer no mundo? A resposta é não!!!  Importante ressaltar que não estamos tratando de liberdade econômica e nem de autonomia individual. Aqui estamos tratando de um problema de saúde pública! Vidas estão em risco, principalmente dos adolescentes, que tem sido vítimas de mortes extremamente rápidas e agressivas em decorrência da Evali mundo afora.

Por fim, apesar da comercialização do cigarro eletrônico ser proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, é possível encontrar o produto facilmente em lojas e Internet. Diante disso, na Assembleia Legislativa do Maranhão, está tramitando um projeto de lei, de minha autoria, que proíbe a comercialização e publicidade de cigarros eletrônicos no Estado do Maranhão no intuito de promover a saúde! Ele  está disponível neste link, para que a sociedade também possa opinar sobre como pode ser a redação final da legislação. Contamos que a Assembleia Legislativa possa analisar, discutir e aprovar o quanto antes este PL. É fundamental que unamos forças para que mais esta “moda mortal” possa passar!!!

Silvio está triste e eu também!

Foto: Divulgação

Quando temos a felicidade de viver mais um pouquinho, vamos nos acostumando com a tristeza de ver pessoas que faziam parte da nossa rotina partirem. Não deixa de ser um mecanismo de resistência da própria existência humana pra ir aceitando aos poucos a sua própria finitude. A morte de Gugu Liberato não deixa de levar um pouco da vida da nossa geração Y, esse sem fim de pessoas que viveram a infância e parte da adolescência na década de 80.

A minha geração cresceu numa infância pautada pela televisão e quase nada pela internet. Pra um adolescente de 15 anos hoje, falar em “Passa ou repassa”, “Viva a noite”, “prova da banheira” são coisas que não fazem qualquer sentido. Recordo-me bem do peso da TV pra minha geração. Dos costumes às roupas, dos brinquedos que nos eram sonho de consumo às músicas que nos ocupavam a mente, tudo era apresentado pela TV. Dominó, Polegar, cantores sertanejos, musas sensuais, tudo aquilo passou de maneira muito intensa nos finais de semana do SBT, num tempo em que as Organizações Globo eram um pouco menos hegemônicas.

Hoje, assisto a internet assumir de maneira brutal esse espaço de formação cultural. Os modelos de programas estrangeiros, as grandes franquias, além do gigantismo dos youtubers, são essas fórmulas que moldam a cultura pop em praticamente todos os lugares do mundo. Programas de música, reality shows com as fórmulas mais inusitadas possíveis, Netflix, Apple TV, Youtube, Youtube e mais Youtube. As pessoas hoje inverteram o fluxo de comando. Antes a TV ditava às pessoas o que consumirem. Agora, cada um controla o que vai assistir e quando vai assistir. O que passa na TV é reflexo do que se pede nas redes sociais, com as devidas adaptações de formato. Antes, precisava-se de sorte ou de um padrinho pra entrar no ramo do entretenimento, agora com uma câmera de celular qualquer pessoa pode, se dispuser de talento, alçar-se ao status de cybercelebridade.

Gugu vai fazer falta na TV… verdade que estava menos produtivo, mas mais maduro; a vida em família fez-lhe bem. É meio revoltante ver que um acidente doméstico tolo o matou. Coisas da vida… falo com a autoridade de quem tem medo de viajar de avião e que se impressiona com uma morte tão prematura. Gugu tinha saúde para pelo menos mais 15-20 anos de possibilidades na TV. Infelizmente, o nosso dia de partir não guarda correlação lógica com os riscos que assumimos. Schumacher viu Ratzenberger e Senna morrerem, construiu 7 títulos de Fórmula 1 e, já aposentado, teve um acidente que lhe legou um estado vegetativo numa estação de esqui. Minha mãe desde muito cedo me dizia: proteja sua cabeça, não deixe jamais alguém bater nela… tenho tentado protegê-la sempre e já ensino isso à minha Cecília, meu tesouro mais jovem.

Gugu deixou explícito seu desejo de doar órgãos e tecidos. Fica uma grande lição pra nós que estamos aqui, deste lado da vida… espero que alguém à beira da morte possa receber algum de seus órgãos e possa seguir uma existência ainda longa e produtiva. As doações de órgãos no Brasil ainda são muito inferiores ao que precisamos para salvar milhares de pessoas à espera de um transplante. No íntimo, as pessoas ainda não confiam suficientemente no sistema de saúde a ponto de acreditarem que, em caso de morte cerebral, realmente nada mais possa ser feito para salvá-las e que a retirada de órgãos para um transplante possa vir a ser uma desculpa pra não mais investirem nos seus tratamentos. Há quem acredite que seus órgãos possam ser retirados pra venda num fictício mercado paralelo.

Num momento em que precisamos tanto de identificação com nossas memórias antigas pra não ceder à ditadura do hiperfluxo de informações, de todos os tipos: das ultracientíficas às sórdidas fakenews, neste ponto, a partida de Gugu é uma injeção de desânimo nos saudosistas como eu. As relações líquidas do agora tornam os nossos valores menos valoráveis e as pessoas mais descartáveis. É preciso reinventar-se o tempo todo, pra não nos tornarmos obsoletos antes do nosso “prazo de validade”.

Gugu é o gênio que Roberto Marinho não conseguiu botar na televisão, na Globo. Ao lado de Silvio Santos, conquistou a audiência e não teve medo de mudar de emissora. Conseguiu ser referência na Comunicação implementando um novo jeito de fazer entretenimento. Vai valer de ensinamento para muitos iniciantes.

Por falar em gênios, é interessante lembrar da relação de Gugu e Silvio Santos. Silvio é um grande professor e Gugu foi, sem dúvidas, o mais destacado aluno moldado na escola do Señor Abravanel. Trabalharam juntos por cerca de 30 anos, até que Gugu resolveu trilhar outro caminho, na Rede Record.
Silvio Santos certamente está triste… é muito ruim para um mestre ver um pupilo partir antes dele. Antinatural e anticíclico. Sim! Silvio está triste! E eu também!