Até quando Podemos esconder os aliados?

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Mesmo com o fim do ano, as articulações políticas seguem em franca ebulição. Em um canto da disputa, Eduardo Braide, ainda ostentando a pecha de pretenso favorito na eleição, tentando vencer a si mesmo ao ver-se obrigado a fazer o que nunca conseguiu: dialogar com a classe política, mas tropeçando a olhos vistos ao prometer o mesmo a vários partidos de peso. Iniciou o debate de vice-prefeito contando com o desejo do PL, mas por insegurança sua quanto a uma coligação com o cada vez mais influente deputado Josimar de Maranhãozinho, vai tentar convencer este de que não é bom associarem-se diretamente e jogará a falsa promessa de apoiá-lo a governador em 2022. Ora, quem não tem coragem de ostentar o apoio de um partido altamente estratégico como o PL numa chapa de vice, terá coragem de apoiar o presidente do mesmo partido a governador em 2022?

Outro que parece estar se deixando enganar é o Senador Roberto Rocha. Com um partido tradicionalmente competitivo como o PSDB tendo um pré-candidato que pontua bem nas pesquisas, o deputado Wellington do Curso, mesmo assim Roberto, político experiente, tem sido seduzido pela voz suave e fina de Braide, que também lhe promete participação numa eventual gestão municipal de coalizão partidária. Dizem que Rocha gostaria de emplacar alguém de sua família na vaga de vice. Não custa nada lembrar que no PSDB, também desembarcou a família Murad. Eduardo, conhecido por ser escabriado com apoios políticos, vai ter a coragem de levantar as mãos junto com Ricardo e fazer as fotos para logo depois ser queimado e “multitriturado” pela máquina de vencer eleições situada ali no bairro do Monte Castelo? 

Ainda há conversas com o PSC de Aluísio Mendes, que mesmo tendo “tomado um balão” e sido expulso do Podemos por conta de Braide, por algum motivo que só Freud pode explicar e por não ter para onde ir na eleição municipal, deve aderir de maneira automática ao ex-É33, agora É19. Ao que consta, também se iniciou uma conversa com o PSD do deputado Edilázio, político conhecido por ser extremamente correto no cumprimento de acordos. Agora, o último ato que Braide terá que cumprir antes de sagrar-se prefeito, obviamente o mais difícil, é combinar com o povo, a quem em 2016 conseguiu enganar (pelo menos 46% do eleitorado), quando se colocou como algo novo na política, mesmo não sendo nada de novo no Reino da Dinamarca, mas fato é que teve quase 250.000 votos e bateu na trave. Como diria um amigo mais experiente, cabe lembrar que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Como o deputado Braide vai se reapresentar para a população? Como sendo o “anti-político”, mais uma vez? Mas como fazê-lo, se no barco que comandará, a tripulação estará cheia de políticos tradicionais? Meu palpite é que esta contradição tem tirado seu sono e a de seus consultores e que seu silêncio sepulcral a respeito do tema nada mais é do que representativo da absoluta falta de resposta para estas perguntas.

É importante ressaltar que estamos tratando das várias narrativas que vêm sendo construídas em cima de um pré-candidato e é bom que se diga em alto e bom som que a política não deve ser demonizada. Em conversa com qualquer político tarimbado, a mensagem que escutamos é que “não se rejeita apoio político”. Um bom exemplo dessa máxima é o governador Flávio Dino, que em 2008, quando disputou a prefeitura de São Luís, contou com o apoio somente do PT, além do seu PC do B. Já na sua reeleição ao governo, Flávio contou com a adesão de 16 partidos. E ninguém questionava as cores partidárias avizinhadas com o governador, sabe por quê? Porque a população confiava em seu projeto de governo e havia um claro entendimento desse projeto para o Maranhão dentro de uma campanha majoritária. Já o pré-candidato do Podemos sabe que ainda não tem uma plataforma consolidada de cidade. Deu sorte em 2016 ao enfrentar um pool de candidatos que não se prepararam para discutir São Luís e terminou chegando ao segundo turno. Hoje, sobrevive desse recall e de um discurso vazio, onde critica governo e prefeitura. Duas certezas que tenho na vida: que dia 1º de janeiro será 2020 e também mais um ano em que Braide será derrotado na disputa pela Prefeitura de São Luís. Temos motivos para celebrar! Em 2020, falarei sobre a articulação do outro canto da disputa, o nosso campo governista. Boas festas!