Cigarro eletrônico: a nova forma de morrer mais rápido

Foto: Google Imagens

Dizem que a história se repete e a moda se reinventa. Lembro, ainda na infância, dos rios de dinheiro que a indústria do cigarro jogou no cinema, em propagandas e até patrocinando eventos esportivos. Quem não lembra da marca da Marlboro no carro de Fórmula 1 do Ayrton Senna? O objetivo da indústria da morte era influenciar o consumo e inserir-se na indústria cultural, com o propósito único de vender a ideia de que fumar era um estilo de vida.

Agora, mais uma vez, a indústria do tabagismo quer se reinventar e repaginar uma moda que já estava démodé. Chegaram então os cigarros eletrônicos, conhecidos como “vapes”. A legislação antifumo vigente proíbe propaganda de cigarro e dispositivos correlatos, num claro esforço estatal para desestimular o consumo e salvar vidas.  Quando surgiram no mercado, os vapes  buscavam ajudar os fumantes a largarem o cigarro convencional.
Menos substâncias tóxicas e zero odor, diziam. Acontece que o que era estratégia pra combater vício antigo transformou-se em vício novo, gourmetizado. Quem fumava poucas vezes por dia pelos inconvenientes do mau cheiro do cigarro começou a fumar vapes inúmeras vezes ao dia.
E como não pode ser exibida uma propaganda no meio do Jornal Nacional, a indústria dos cigarros eletrônicos tem utilizado os digital influencers por meio de plataformas de amplo acesso, tais como Instagram e YouTube, para criar cada vez mais seguidores dessa “moda”.

Infelizmente, a tal moda está pegando. Nos Estados Unidos, um em cada cinco adolescentes que cursam o Ensino Médio já consomem o cigarro eletrônico. De 2017 para 2018, o uso quase dobrou, passando de 12% para 21%, na contramão do tabagismo tradicional que está em declínio. No Brasil, como as pesquisas são menos frequentes, ainda é inexata  a quantidade de fumantes de vapes! A pesquisa mais recente, realizada em 2015 pelo Instituto Nacional de Câncer e Fundação Oswaldo Cruz, estima 600 mil usuários no país. Por isso, é hora de  levar a sério esta discussão e ligar o sinal vermelho para a nova onda que tem invadido escolas e festas.

O uso do vape desencadeou uma síndrome que ganhou o nome de Evali, que significa “Lesão Pulmonar Associada a Produto de Vapping ou Cigarro Eletrônico”. Os pesquisadores detectaram que o principal responsável pela síndrome respiratória é a vitamina E presente no líquido vaporizado pelos cigarros eletrônicos, sejam eles de derivados de nicotina ou da própria maconha. A Universidade de Nova York fez testes com camundongos em pequenas câmaras cheias de vapor de cigarro eletrônico. Após um ano de sessões regulares de 20h semanais, um grupo de nove dos 40 roedores que inalaram a fumaça desenvolveu câncer de pulmão e 23 desses ratos tinham hiperplasia da bexiga, condição que normalmente precede tumores.
Essas pesquisas apontam para uma certeza: não é inofensivo o uso do cigarro eletrônico! Para um apontamento extremamente acurado sobre os efeitos cancerígenos dos vapes em humanos, as pesquisas requerem um período de mais de dez anos. Vamos esperar todo esse tempo e de imediato liberar a venda desses dispositivos? Pra daqui a 10 anos termos milhares de pessoas com câncer no mundo? A resposta é não!!!  Importante ressaltar que não estamos tratando de liberdade econômica e nem de autonomia individual. Aqui estamos tratando de um problema de saúde pública! Vidas estão em risco, principalmente dos adolescentes, que tem sido vítimas de mortes extremamente rápidas e agressivas em decorrência da Evali mundo afora.

Por fim, apesar da comercialização do cigarro eletrônico ser proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, é possível encontrar o produto facilmente em lojas e Internet. Diante disso, na Assembleia Legislativa do Maranhão, está tramitando um projeto de lei, de minha autoria, que proíbe a comercialização e publicidade de cigarros eletrônicos no Estado do Maranhão no intuito de promover a saúde! Ele  está disponível neste link, para que a sociedade também possa opinar sobre como pode ser a redação final da legislação. Contamos que a Assembleia Legislativa possa analisar, discutir e aprovar o quanto antes este PL. É fundamental que unamos forças para que mais esta “moda mortal” possa passar!!!