Assembleia aprova projeto que reduz valores de mensalidades de escolas e faculdades em até 30%

A Assembleia Legislativa do Maranhão aprovou, na quarta Sessão Extraordinária com Votação Remota por Videoconferência, realizada nesta segunda-feira (27), presidida pelo chefe do Parlamento Estadual, deputado Othelino Neto (PCdoB), o Projeto de Lei 088/20, de autoria do deputado Rildo Amaral (Solidariedade), que trata da redução proporcional, de até 30%, das mensalidades das instituições privadas de ensino, durante o período de suspensão das aulas presenciais, atendendo ao plano de contingência do novo coronavírus implementado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). A matéria, que abrange escolas, faculdades e cursinhos prepartórios, recebeu emenda dos deputados Dr. Yglésio (PROS), Neto Evangelista (DEM) e Rafael Leitoa (PDT). O projeto de lei seguirá, agora, para sanção governamental.

Para Othelino Neto, a Assembleia cumpre seu papel constitucional de defender os interesses da sociedade. “Nosso desejo é que seja repassada aos pais de alunos a redução dos custos por conta das aulas suspensas, mas com os devidos cuidados, para não causarmos um mal-estar financeiro maior a essas empresas. Queremos que os empregos sejam mantidos, porém, era necessária a intervenção da Assembleia Legislativa para garantir os direitos da população”, disse.

De acordo com o PL, o desconto será cancelado automaticamente com o fim do Plano de Contingência do novo coronavírus da SES e a liberação para o retorno das aulas presenciais. No caso de descumprimento, ensejará aplicação de multas nos termos do Código de Defesa do Consumidor, pelos órgãos responsáveis pela fiscalização, em especial a Autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado do Maranhão (Procon-MA).

“Considerando que as instituições de ensino estão com as despesas reduzidas com itens como manutenção do espaço, água, energia e alimentação de seus funcionários e alunos (que estudavam em período integral), por estarem suspensas as atividades presenciais, é justo que os estudantes ou seus responsáveis financeiros, que também tiveram seus rendimentos afetados, tenham a sua mensalidade reduzida”, justificou Rildo Amaral.

Emendas

Com a emenda do deputado Dr. Yglésio, além das instituições de ensino fundamental e médio, as de nível técnico e superior da rede privada, bem como as de pós-graduação, também serão obrigadas a reduzir suas mensalidades proporcionalmente, durante a pandemia.

Para instituições de ensino com até 200 alunos matriculados, o desconto será de 10%, no mínimo; entre 200 e 400 estudantes, de 20%; e acima de 400 alunos, de 30%, assim como as pós-graduações, independente do quantitativo de pessoas matriculadas.

“A porcentagem de 30% foi a inicial do projeto e nós entramos com a emenda por entender que as escolas menores têm mais dificuldades de conceder esse desconto. Por isso, usamos um parâmetro da quantidade de alunos. Inclusive, excluímos as escolas comunitárias por entendermos a inviabilidade financeira de concederem qualquer um desses descontos”, explicou Yglésio, lamentando, ainda, a dificuldade de negociação com os representantes das escolas.

Também foi acatada a emenda do deputado Neto Evangelista, estendendo os descontos para os cursinhos preparatórios para vestibulares. “Acho que foram dadas muitas oportunidades aos sindicatos das escolas, para que eles pudessem entender o momento que estamos vivenciando. Porém, eles não tiveram essa sensatez de ceder aos pais”, pontuou o parlamentar.

Outra emenda ao PL aprovada, desta vez de autoria do líder do governo, deputado Rafael Leitoa, garante que, no caso do consumidor ter adquirido pacote anual, o prestador de serviço poderá restituir do valor recebido proporcional ao desconto estabelecido; disponibilizar de crédito para uso ou abatimento na compra de outros serviços e formalizar outro acordo com o consumidor. Em caso de restituição, o prestador de serviço terá até 12 meses para sua efetivação, contados da data de encerramento do estado de calamidade pública no Estado.

“Essa foi a nossa contribuição, acatada pelos demais pares, melhorando o projeto apresentado pelo deputado Rildo Amaral. Parabenizo a iniciativa de todos os deputados que deram a sua contribuição para construir esse projeto razoável, assim como a tentativa de acordo com o sindicato das escolas”, acentuou Leitoa.

“Quanto mais falamos, mais encontramos abusos”, diz deputado Yglésio sobre escolas particulares

Pouco antes do novo ano letivo os pais de alunos das escolas particulares de São Luís foram surpreendidos pelo valor abusivo dos materiais escolares, em especial o livro de inglês que foi apresentado como um ingresso ao estudo bilingue. O que tem chamado atenção, porém, são as novas denúncias.

“Queria voltar aqui para dar boas notícias para pais de alunos de escolas particulares de São Luís, mas cada vez que falamos do assunto ficamos mais perplexos com novas denúncias!”, disse o deputado Dr. Yglésio em novo vídeo sobre o tema nas redes sociais.

O parlamentar relatou que recebeu denúncia de que escolas estão com “profissionais sem formação na área de educação, livros comprados e não entregues, escolas que adotam programas bilingues e vendem como escolas bilingues, taxas para utilizar o iPad na escola, estratégias para vender mais uniformes”.

Em todo o vídeo, o deputado Dr. Yglésio discorre sobre o que tem acontecido nas escolas particulares. O parlamentar disse que o business está sobrepondo o caráter pedagógico das escolas. “As escolas viraram shoppings”, acusou na publicação.

Em duas escolas de São Luís, segundo o parlamentar, a coordenação do programa e ensino bilingue não está a cargo de um profissional da educação. “Algumas escolas possuem professores e até mesmo coordenadores sem formação acadêmica ou sem formação na área de educação”, denunciou.

Mesmo a venda do livro de inglês ser comercializada em separado, os kits de apostilas contêm um livro de inglês. O parlamentar testemunhou que ou as escolas tiram o livro de inglês na hora da entrada (sem dar o devido desconto), ou mesmo, entregam o livro de inglês e justificam ser um “brinde” da escola, já que o livro usado será o do “bilinguismo”.

Diferença entre programa bilingue e ensino bilingue em escolas particulares

Outro ponto esclarecido pelo parlamentar foi a diferença entre o programa bilingue e o ensino bilingue. “Em programas bilingues o foco é na língua, o inglês como segunda língua”, explicou o Dr. Yglésio. “É irresponsável dizer que uma escola que trabalha 45 minutos de inglês diariamente tenha o mesmo efeito de um curso de inglês… a começar pela quantidade de alunos por turma”, provocou ainda.

Já o ensino bilingue tem um trabalho em imersão, ou seja, um ambiente totalmente em segunda língua. Além da disciplina inglês, outras matérias são ensinadas no idioma estrangeiro. “O foco é o EMI (English médium of Instruction) – conteúdos sendo trabalhados em inglês. É uma aprendizagem mais significativa e com muito mais ampliação do vocabulário.”, discorreu.

Para o parlamentar o problema não está no programa bilingue, mas na divulgação deste novo método educacional.

“Não somos contra programas bilingues. Mas escolas tem que diferenciar o que é cada método! Tem muito pais e mães sendo enganados, pensando que seu filho vai terminar o ensino médio fluente em inglês!”, finalizou.