Depressão: a doença que cada vez mais bate à nossa porta.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, atualmente, 400 milhões de pessoas convivem com este distúrbio no planeta. Além de liderar a lista das doenças mais incapacitantes, a depressão gera gastos na casa dos 800 bilhões de dólares por ano — o equivalente ao Produto Interno Bruto da Turquia.

A situação em nosso país é particularmente ruim: a prevalência de depressão no Brasil é a maior entre as nações em desenvolvimento, com um total de 10,4% de indivíduos atingidos. Ou seja: 1 a cada 10 brasileiros sofre da doença. São dados alarmantes, que levam a um expressivo aumento de 705% na taxa de mortes relacionada a episódios depressivos (incluindo suicídios) nos últimos 16 anos, segundo pesquisa recente.

Convém deixar clara a diferença entre depressão e tristeza. A primeira é uma doença, marcada por sentimentos de prostração, perda de interesse e prazer, culpa, baixa autoestima, distúrbios de sono e alimentação, cansaço e déficit de concentração. Tem diagnóstico e tratamento. Trata-se de doença e não de “fraqueza” ou “frescura”. Essa noção é importante, inclusive para o círculo familiar e de amigos ao redor da pessoa depressiva, pois esta, quando rotulada de “depressivo”, “fraco” ou “problemático”, afunda mais ainda no problema.

Na contramão, a tristeza faz parte do círculo humano das emoções. É normal sentir tristeza durante a passagem que é a vida. Anormal é não sentir tristeza em momentos difíceis e torna-se sinal de doença quando a tristeza impede as pessoas de seguirem adiante. Outro aspecto a ser salientado é que a depressão provoca um intenso estado inflamatório no corpo. Não se trata, portanto, de um estado meramente psíquico.  A relação entre melancolia e males cardiovasculares é particularmente forte. Uma investigação realizada pela Universidade de Bordeaux e sete outras instituições francesas acompanhou 7 313 indivíduos entre 1999 e 2001. Todos eles foram avaliados em quatro oportunidades distintas ao longo desse período. Aqueles que apresentavam altos índices de sintomas depressivos em todas as ocasiões tinham um risco 75% maior de sofrer um infarto ou um acidente vascular cerebral, o AVC.

Os tratamentos para depressão mudaram muito ao longo da história. As terapias com remédios surgiram há menos de 70 anos. Em geral, eles agem no cérebro e aumentam a presença de neurotransmissores relacionados à sensação de bem-estar. A recuperação pode levar alguns meses ou até mesmo ser contínua. Nesses casos, o paciente toma uma dose de manutenção pelo resto da vida, para se certificar de que a depressão não voltará. Por fim, em caso de suspeita de depressão, é importante estimular o paciente a procurar a assistência de um psiquiatra e do psicólogo. A depressão impacta profundamente a qualidade de vida e, cada vez mais, tem provocado mortes. Enfrentá-la é questão de Saúde Pública.