Por que ainda é tão difícil realizar uma cirurgia no SUS?

Atualmente, as cirurgias mais comumente realizadas no SUS são: tratamento das hérnias de parede abdominal, histerectomia (retirada do útero) e colecistectomia (retirada da vesícula). O tempo médio de espera para esse tipo de cirurgia, em muitos casos, pode ser superior a um ano. Há inúmeros exemplos em que a espera é superior a dois anos.

Os motivos que explicam essa demora estão relacionados ao complicado acesso a exames pré- operatórios, à reduzida oferta de leitos hospitalares, à recorrente falta de condições de deslocamento dos pacientes e à própria dinâmica de aproveitamento da estrutura hospitalar, que se demonstra, via de regra, subutilizada.

A pergunta é: por que temos menos leitos do que precisamos e realizamos menos cirurgias do que deveríamos de fato fazer? A principal explicação passa pelo subfinanciamento do SUS. Com raras exceções, os hospitais públicos recebem seu repasse mensal de acordo com suas produtividades. A famigerada “Tabela SUS” comporta uma série de absurdos, tais como:  o hospital que realiza uma cirurgia de apêndice recebe de repasse ao todo R$ 414, 62 (R$ 253,59 para o hospital e R$ 161,03 para o cirurgião). Fazendo uma comparação simples, salvar uma vida humana custa bem menos do que mandar uma televisão de LCD para o conserto.

É importante destacar que essa tabela (SUS) não tem reajustes há mais de 10 anos, portanto, o que os hospitais recebem fica muito longe do que é de fato necessário para custear suas atividades. Quanto mais pacientes operados, maiores as despesas das instituições e, quanto maior a despesa, maior a dificuldade operacional. A resultante dessa equação perversa é a natural redução do fluxo de cirurgias, fazendo com que os hospitais segurem ao máximo a quantidade de atendimentos necessária à população. Esse fato ocorre tanto nos municípios do interior, que tem parcelas mínimas de financiamento mensal, quanto na capital, que tem uma melhor estrutura financeira, porém uma demanda gigantesca de pacientes provenientes do interior.

A resposta do poder público nos últimos anos tem sido a mera realização de mutirões de cirurgias. Sou da opinião de que mutirões são o reconhecimento do fracasso do Sistema de Saúde em organizar-se. Antes de realizar um mutirão, a regra é acumularem-se tantos casos cirúrgicos a ponto de ficar insustentável a quantidade de pedidos… e aí fazemos o quê? montamos um  mutirão de atendimento para aliviar um pouco a fila. Sem continuidade das políticas de Saúde, voltaremos em breve com a mesma interminável lista de procedimentos, pois as pessoas não deixam e nem vão deixar de adoecer. Ou se muda a forma de financiar os hospitais, aumentando o valor da tabela ou melhorando de outra forma o repasse e a gestão, ou ficaremos fadados a fazer Saúde com aquela “qualidade a preço de R$ 1,99”.

A Crise Econômica e o impacto no Sistema Único de Saúde

Levantamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostra que 1,3 milhão de brasileiros deixaram de ter planos de assistência médica no último ano, com 617.000 novos desempregados só no primeiro trimestre deste ano.

Foram fechados quase 2 milhões de postos de trabalho entre 2016 e 2018, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Muitos se veem em uma situação econômica difícil e cortar o plano de saúde acaba sendo uma opção para reduzir as despesas mensais. A saída então é recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS), gerando um aumento de demanda na rede pública.

Quando se analisa a realidade maranhense, o impacto da crise é ainda maior. O Maranhão tem cerca de 95% da população dependente do Sistema Único de Saúde e com a queda de arrecadação de impostos, os repasses para os municípios também vem sendo reduzidos. Some-se a isto o envelhecimento crescente da população, que transforma os hospitais públicos em ambientes cada vez mais repletos de pacientes graves, aumentando a demanda por recursos mais especializados e com custos crescentes. É uma equação que não fecha: menos recursos para gerenciar um sistema cada vez mais caro. O resultado disso é o sucateamento dos serviços de saúde, onde vemos a agonia dos municípios em realizarem suas ações de atenção básica e de média complexidade.

Quando um município não consegue custear seu sistema de saúde, a rede estadual fica sobrecarregada. A verdade é que UPA’s e hospitais estaduais/federais apresentaram um aumento significativo na demanda e passaram a ter dificuldades em atender adequadamente a população. É visível o esforço dos gestores responsáveis em aumentar a rede hospitalar, de incrementar os serviços, porém o subfinanciamento da Saúde no país tem deixado marcas profundas. Diariamente, vidas são perdidas por falta de leitos de UTI, de exames complexos em tempo hábil, de ausência de profissionais habilitados.

A saúde da população é o maior patrimônio dos governantes, pelo menos em tese deveria ser. Melhorar a gestão e o financiamento são o caminho pelo qual é imperioso caminharmos.  O SUS é muito mais do que um sistema de saúde: ele é a bandeira da dignidade do povo brasileiro.

Nara Almeida e a luta contra o câncer

A morte da Nara Almeida é uma tristeza do ponto de vista emocional, convida todos nós a refletirmos sob valores, aspirações e sonhos, mas do ponto de vista médico, é completamente diferente da realidade da maioria dos pacientes com câncer.

Não há glamour na luta contra a doença e, infelizmente, a maioria das pessoas ainda fala de câncer com medo. No mundo real, escondemos a maioria dos doentes quando eles são membros de nossa família, tudo isso por mero desconhecimento. Fato é que hoje cerca de 60% dos tumores são completamente curáveis e acredito que, em duas décadas, estejamos perto de 80% de cura com as novas terapias. É preciso falar a respeito disso, sem medo, sem preconceito.

Quando Nara decidiu mostrar fotos em situações do dia a dia, como usar uma sonda nasal para alimentação, mostrar reações cutâneas aos medicamentos, penso que ela prestou um grande serviço à sociedade, mas é preciso ter cuidado pra não glamourizar a própria doença: temos que entender que ali tinha uma paciente num hospital top de linha em São Paulo, cercada pelo melhor cuidado possível. O dia a dia do SUS ainda é o da demora diagnóstica, da filha quilométrica, do quimioterápico em falta e da falta de assistência de terapia intensiva.

O fato é que a maioria dos pacientes com câncer (80-90% tratados pelo SUS) jamais poderiam mostrar pelo Instagram as derrotas diárias impostas pelo Sistema na luta contra a doença. Por estes guerreiros e guerreiras invisíveis, que lutemos sempre por e nos importemos sempre com eles!

Por uma vida “Detox”

Healthy eating concept: Horizontal shot of three detox drinks in glass bottles with fruits and vegetables all around them on rustic wood table. DSRL studio photo taken with Canon EOS 5D Mk II and Canon EF 70-200mm f/2.8L IS II USM Telephoto Zoom Lens

Aleluia! Fantástico finalmente disseminando massivamente e com propriedade informações relevantes, derrubando com classe esse negócio de alimentação detox, suco detox etc. Amigas e amigos nutris, por favor não me levem a mal.

Vamos lá:

1. O objetivo profissional do nutricionista é fazer com que os pacientes tenham hábitos alimentares mais saudáveis. Perda de peso e melhora da saúde são consequências inevitáveis.

2. Se eu ensino alguém a se alimentar melhor, não preciso ensina-lo a se desintoxicar, porque teoricamente ele não está se intoxicando.

3. Para desintoxicação, temos o fígado e temos os rins, fora o sistema imunológico disseminado em todo o tubo digestivo.

4. Para contribuir com esse processo, temos disponível a opção de praticar atividade física , que melhora o fluxo sanguíneo em todos os órgãos “detox” e ainda estimula o sistema imune.

PORTANTO…

Coma melhor, evite gorduras com muita saturação, evite excessos de açúcar, não fume, beba com moderação, exercite-se sempre que possível e transe com regularidade. Uma transa bem dada vale mais que 50 copos de sucos verdes.

Finalizando…

Mais importante que alimentos supostamente detox, é uma vida que busca além de eliminar as impurezas dos alimentos, procura-se proteger também das sujeiras que enfrentamos no dia-a-dia… É o “detox” do stress, da vida parasitária e da maldade alheia.

Como levar a sério?

Ideologicamente, sempre fui mais alinhado à esquerda, pelo viés social e de aprofundamento de direitos que lhe é característica no papel. Mas…

Como levar a sério os setores da esquerda que defendem o fim do ajuste fiscal?

Como levar a sério os movimentos sociais que defendem aumento de gasto público em cenário de queda de arrecadação?

É como a dona ou dono de casa que ganham um salário, que tem que vencer a inflação que lhes reduziu o poder de compra e tem duas opções:

1. A de cortar os gastos em casa pra continuar com o nome limpo na praça e todos os direitos em dia: ter água e luz em casa, ter comida na mesa etc. Aqui, as coisas evidentemente vão melhorar no médio prazo.

Ou…

2. O de seguir, a despeito das coisas ficarem mais caras, usufruindo dos mesmos serviços em casa, comendo os mesmos produtos que aumentaram bruscamente e quando chegar ao dia 20 do mês, ver que o dinheiro acabou e só poderá ter como opção o calote e o nome sujo na praça, impossibilitado de consumir crédito quando a conjuntura econômica melhorar.

De um lado você tem uma casa com futuro certo… no outro, um lar fadado a fracassar.

Que o Barbosa segure o viés desenvolvimentista heterodoxo e saiba ser o dono da primeira casa. Só assim a conta da Casa Brasil chega ao fim do mês.

Aprender a investir, sair da zona de conforto e empreender

Vejo muita discussão sobre aposentadoria e previdência. A verdade é que essa coisa de você achar que vai trabalhar a vida toda e depois o Estado vai te remunerar até o fim da sua vida, esqueçam isso. Até pro pessoal privilegiado do serviço público a farra vai acabar. O brasileiro vai ter que evoluir pra um modelo mais racional de gestão financeira. Abrir nem que seja uma barraquinha de batata frita na porta de casa e reaplicar esse dinheiro, fazer patrimônio, gerar emprego, gerar riqueza.

É mais difícil pra grande massa falar em economizar algo do salário, porque vivemos num país pobre e num estado mais miserável ainda, mas esse aí é o ponto:
a aposentadoria pelo sistema público em longo prazo vai se resumir a pagar um salário mínimo pra quem não teve condições de guardar nada na vida.

Quem ganhar mais de um salário, vai ter que aprender a economizar, cortar na carne e investir seus poucos reais todo mês em alguma aplicação. Pelo amor de Deus, não coloque em poupança, isso rende nada. O fato é que quem não partir pra esse caminho, vai ter uma velhice de muita necessidade.

Falando um pouco de empreendedorismo agora, outro dia vi uma pessoa que ganha menos de 1.200 reais com um iPhone 7 plus, que na época custava uns 4 mil e muitos reais. Como é que a pessoa tem um celular que custa 4 meses do seu salário? Eu sei que eu não tenho nada a ver com o que a pessoa gasta, mas com certeza quem faz isso daqui a pouco tá pedindo dinheiro emprestado, com nome sujo no SERASA e se porventura perder o emprego, vai passar necessidade. Com 4500 reais, você começa até um pequeno negócio se tiver coragem, disposição e criatividade.

Prioridades, planejamento, economia… são as coisas que fazem a gente ter uma vida mais próspera e menos dependente do poder público. A Previdência vai quebrar por conta dos marajás do serviço público, assim como o SUS já quebrou por conta da farra dos desvios de verbas. É preciso que nos protejamos desde já por uma velhice digna. A maior patrimônio financeiro que um pai pode deixar pra um filho é não depender dele lá na frente na velhice.

Cuide da sua saúde financeira com muita racionalidade, não tente ser o que não é e muito menos imitar a vida de ninguém. Tenha como meta possuir um patrimônio mínimo, todo seu, não confie nesse mito da aposentadoria. Proteja-se de governos e políticos. Todos esses têm previdência privada. Mexa-se.